O lixo eletrônico constitui o problema de coleta de resíduos de maior crescimento no mundo. Desde os rincões industriais da China continental às regiões da Índia e do Paquistão em rápido processo de industrialização, uma ampla gama de aparelhos está sendo recebida e reciclada em condições que colocam em perigo a saúde dos trabalhadores, suas comunidades e o meio ambiente. A maior parte dos componentes destes aparelhos é recuperada por pobres catadores e vendida para sua reutilização. Mas durante o processo, eles e o meio ambiente ao seu redor estão expostos aos perigos provenientes do contato com metais pesados como mercúrio, chumbo, berílio, cádmio e bromato que deixam resíduos letais no corpo, solo e cursos de água.
Trata-se de um tipo de reciclagem que não é exatamente o que os consumidores têm em mente quando obedientemente depositam seus computadores no lixão local. Os especialistas industriais dizem que entre 50% e 80% do lixo eletrônico coletado para reciclagem acaba em barcos que se dirigem aos lixões de lixo eletrônico da Ásia, onde seus componentes tóxicos vão parar em correntes sangüíneas e cursos de água. Os governos e as companhias eletrônicas conhecem há muito tempo os perigosos efeitos desta reciclagem, como já assinalava em 1989 a redação da Convenção da Basiléia, um tratado internacional que se ocupa do comércio mundial de resíduos tóxicos. Em 1994, este tratado foi reforçado para proibir a exportação de todo lixo tóxico dos países ricos para as nações pobres, inclusive com o propósito de reciclá-los.
O único país desenvolvido que se recusou a ratificar a Convenção da Basiléia foram os Estados Unidos. Agora, como no caso de muitos acordos globais, o restante do mundo deixou de esperar que Washington conduza o processo para reduzir os perigos derivados do lixo eletrônico e tomou a iniciativa em suas mãos. Por exemplo, a União Européia já colocou em vigor a Convenção da Basiléia e proíbe em todos os casos a exportação de lixo perigoso para os países em desenvolvimento. E mais importante ainda, a UE prepara uma série de regras que incluem a exigência de as indústrias eletrônicas que venderem aos 25 integrantes do bloco assumam a responsabilidade por todo o ciclo de vida de seus produtos.
Por outro lado, alguns especialistas inovadores estão propondo que tanto os fabricantes quanto os consumidores pensam em seus computadores e outros aparelhos eletrônicos não tanto como produtos para serem vendidos e comprados, mas como serviços a serem utilizados durante tempo mais prolongado do que os atuais. Mas o que aconteceria se comprássemos dos fabricantes “caixas” básicas contendo os componentes centrais e que, por sua vez, os produtores, como parte de um acordo de serviço a longo prazo, garantissem a manutenção regular da máquina e instalassem nela dispositivos mais modernos quando estes estiverem disponíveis? A “expectativa de vida” dos computadores se estenderia, então, para cinco anos ou mais. Para adotar tal enfoque seria necessário adiar indefinidamente a estratégia de sobrevivência dos fabricantes de planejar a obsolescência a curto prazo de seus produtos e de condicionar a preferência dos consumidores por incessantes novidades em seus equipamentos eletrônicos
Nenhum comentário:
Postar um comentário